Promotores
e deputados cobram posse de representante da COOMIGASP em Conselho
12 de março de 2014
Cobrar da empresa canadense Colossus, em processo
de falência, a imediata posse de um representante dos garimpeiros no Conselho
Administrativo da Serra Pelada Companhia de Desenvolvimento Mineral (SPCDM).
Esta foi a principal decisão tomada pelos deputados federais Domingos Dutra
(SDD-MA) de Arnaldo Jordy (PPS-PA), após visitarem na segunda-feira, 10, o
projeto da mina de Serra Pelada(PA) em companhia do interventor da Cooperativa
de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada (COOMIGASP), Alexandre Mendes,
lideranças garimpeiros, representantes dos governos federal e estadual, do
promotor de Justiça, Hélio Rubens, representantes da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB), geólogos do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e da
Secretaria de Mineração do Estado do Pará, e de um grupo de garimpeiros,
incluindo uma comissão de Imperatriz-MA, coordenada pelo Pastor Alexandre
Viera.
Os deputados alegaram que desde o afastamento do
ex-presidente da Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada,
Gessé Simão, acusado pelo Ministério Público de desvio de dinheiro, a
cooperativa não está sendo representada no Conselho da SPCDM, “apesar de os
garimpeiros serem os verdadeiros donos da mina”.
Domingos Dutra e Jordy e os demais integrantes da
comitiva, citados acima, visitaram o túnel da mina de Serra de Pelada, cuja
escavação, segundo técnicos da SPCDM, chega a 2.394 metros de extensão e 199
metros de profundidade. Os deputados federais e os geólogos garantiram que “não
houve nenhuma retirada de ouro do projeto da mina até agora”. De acordo com o
Gerente Administrativo da SPCDM, Alexandre Cancian, “foram retiradas 283 mil
toneladas de material estéril”, ou seja, sem atingir o ouro que está lá em
baixo. “Enquanto não se chegar na parte mineralizada, este material retirado do
túnel não pode ser considerado ouro. Foram feitas até análises que comprovam
que ainda não atingimos a parte do ouro”, frisou Cancian.
“Constatamos in loco que o trabalho na área do
túnel se desenvolve dentro dos padrões técnicos e que não houve nenhuma
retirada de ouro do local, até porque as próprias paredes do túnel foram
lacradas com ciumento pela Colossus para evitar acidente”, declarou o geólogo
José Pestana, da Secretaria de Mineração do Estado do Pará.
Após a visita ao túnel, os deputados federais e
comitiva ouviram explicações sobre o andamento do projeto da mina de Serra
Pelada e questionaram sobre os investimentos e a prestação de contas da
Colossus. Alexandre Cancian explicou que até o final de março será tomada uma decisão
sobre o que fazer no sentido de se buscar parceria externa para investir no
projeto e sobre a aceleração da parte de sondagem e rebaixamento do túnel.
CPI na Câmara dos Deputados
Mais tarde, já no acanhado auditório da COOMIGASP
na vila de Serra Pelada, os deputados Dutra e Jordy discursaram para quase mil
garimpeiros e fizeram um breve relato sobre a visita, alegando que o relatório
final será apresentado posteriormente, após ser discutido e elaborado por todos
os integrantes da comitiva que visitou o garimpo na segunda-feira.
Os deputados anunciaram que já obtiveram
assinaturas suficientes para a instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) na Câmara para investigar o contrato assinado entre a Colossus e a
COOMIGASP, o desvio de recursos dos garimpeiros e todas as irregularidades
ocorridas em Serra Pelada. “Falta apenas o presidente da Câmara, Henrique
Eduardo Alves, determinar a instalação da CPI. E ao chegarmos a Brasília vamos
reforçar este pedido ao presidente da Casa”, disse o deputado Jordy. “A
investigação sobre a conduta dos ex-presidentes e ex-diretores da COOMIGASP
está avançando por parte do Ministério Público e depois vamos discutir se
propomos a anulação total do contrato entre a Colossos e a COOMIGASP ou se
voltamos para o contrato anterior que previa 51% do lucro da produção para a
empresa canadense e 49% para os garimpeiros”, informou o procurador de Justiça,
Hélio Rubens. (O contrato em vigor prevê 75% para a Colossus e 25% para os
garimpeiros).
Interventor
O interventor da COOMIGASP, Carlos Alexandre
Mendes, admitiu que houve erros de comunicação para com os garimpeiros, mas
deixou bem claro que a equipe de técnicos que atualmente presta serviço para a
cooperativa é altamente capacitada e trabalha com total transparência. “Vamos
manter um canal de comunicação permanente com o garimpeiro para informar sobre
tudo o que está acontecendo em Serra Pelada; vamos preparar a visita de grupos
de garimpeiros à mina; exigimos respeito ao garimpeiro, isto é, o garimpeiro
precisa ser respeitado como parceiro do projeto”, afirmou.
Alexandre Mendes disse ainda que está tomando todas
as medidas cabíveis para se alcançar a melhor alternativa de viabilidade do
projeto. “Não podemos e nem queremos que todo o trabalho feito até agora se
perca. Independente da solução que vamos encontrar para esse momento, o
importante é ressaltar que o garimpeiro estará envolvido em todas as decisões
relacionadas à viabilidade do projeto. Estamos fazendo uma administração com
bastante transferência em respeito ao garimpeiro”, destacou o interventor da
COOMIGASP.
Alexandre Mendes completará o prazo de seis meses à
frente da COOMIGASP dia 11 de abril deste ano, e pode até continuar por mais
seis meses, de acordo com decisão da Justiça de Curionópolis. Ele fez um
balanço positivo para os garimpeiros presentes à reunião.
- “Todas as ações designadas no termo de nomeação
da intervenção já estão em andamento, como por exemplo: Já iniciamos a
auditoria no cartório; fizemos levantamento do passivo da cooperativa;
iniciamos auditoria financeira e contábil; estamos com uma equipe técnica de
engenheiro de Minas e Geólogo atuando em Serra Pelada; estamos implantando um
modelo de gestão a ser seguido nas próximas gestões, um sistema de gestão
integrado; estamos avaliando a licitude de todas as dívidas contraídas pela
cooperativa; encerramos com todas as delegacias, centralizando as operações no
escritório de Curionópolis; implantamos um sistema online de pagamento das
mensalidades”, declarou o interventor.
Segundo ele, estão sendo analisados todos os
contratos da cooperativa, começando pelo da Colossus. “Entramos com uma ação de
nulidade em função das várias irregularidades encontradas; fizemos um plano de
redução de custos da cooperativa; implantamos ponto eletrônico para todos os
funcionários; buscamos parcerias com o Governo do Estado para atuar nas
questões sociais de Serra Pelada; estamos analisando toda documentação para
iniciar o beneficiamento da montoeira; além de diversas outras ações de
melhorias”, afirmou o interventor, sob os aplausos dos garimpeiros.
O interventor anunciou ainda que em garimpeiros
passarão por um recadastramento e que será aberto “o processo de abertura de
contas no Banco do Brasil para que vocês possam receber os dividendos oriundos
da produção mineral direto em suas contas bancárias”.
A maioria dos garimpeiros ouvidos pela reportagem,
após a reunião em Serra Pelada, “está confiante no trabalho do interventor e do
Ministério Público do Estado do Pará e acredita que agora tudo dará certo”.
Fonte: Freddigasp
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