História
Descoberta
Oficialmente
a extração começou com um pequeno sitiante que ao cavar um pé de bananeira
encontrou uma estranha pedra e ao mostra-la em um bar espalhou-se a noticia de
se tratar de diamante. Em duas semanas já tinha garimpeiros do Brasil inteiro.
A festa durou cerca de oito semanas quando a União interveio na área. A
história divulgada é de que em 1976, um geólogo encontrou amostras de ferro no
sul do Pará. Em 1979, um garimpeiro encontrou ouro no local. O ministro de
Minas e Energia da época, fez o anúncio oficial da existência do metal em
Carajás. A partir de 1980 levas de migrantes se deslocaram para o Pará e
ocuparam o garimpo, que pertencia à fazenda Três Barras, propriedade de Genésio
Ferreira da Silva.2
Auge
Em 21 de
maio de 1980, o governo federal promoveu uma intervenção na área, já ocupada
por 30 mil garimpeiros. Áreas de lavra e garimpeiros foram registrados pela Receita Federal, e todo ouro encontrado deveria
ser vendido à Caixa
Econômica Federal. A
intervenção foi comandada pelo militar Sebastião Rodrigues de Moura, o major Curió.
Em 1981,
os depósitos de ouro na superfície se esgotaram, e a Vale tentou reaver a posse da área.
Mas os interesses eleitorais (havia 80 mil garimpeiros na área) levaram o
governo a fazer obras para prorrogar a extração manual. Em 1982, o garimpo foi
reaberto e Curió foi eleito deputado federal. Curió tomou posse na Câmara em 1983 e propôs uma lei que dava permissão para
que garimpeiros continuassem explorando o ouro de Serra Pelada por cinco anos.
Em 1984, a Vale recebeu indenização de US$ 59 milhões pela perda da concessão
da mina por quebra de contrato.
Declínio
A
extração continuou caindo. Em 1988, foi de 745 kg, e, em 1990, de menos de
250 kg. Em março de 1992 o governo não renovou a autorização de 1984, e o
garimpo voltou a ser concessão da Vale.
Aspectos geológicos
Um
exemplar de ouro (pepita) extraído da Serra Pelada
A
seqüência sedimentar é composta, na sua porção basal,
por arenitos conglomeráticos, conglomerados e arenitos na base, os quais
gradam em direção ao topo para siltitos vermelhos e argilitos.
A
mineralização de ouro apresenta controle litológico e estrutural, sendo que a maior
concentração de ouro está relacionada ao controle estrutural. A extração de
ouro de Serra Pelada era efetuada nas áreas de aluvião, e na rocha primária. Os
depósito de aluvião eram encontrados nas grutas da região e explorados com
abertura de poços e trincheiras até atingir o cascalho aurífero de onde o ouro era recuperado manualmente com auxílio de uma
bateia ou levados até rudimentares aparelhos concentradores.
Na rocha
primária, o desmonte era feito sob a forma de bancadas para evitar
desmoronamentos. Apesar disso, as frentes de trabalho dos garimpeiros, por eles
denominadas de Babilônia I e Babilônia 2 , foram diversas vezes interditadas
para que se fizessem rebaixamentos na cava do garimpo.
Uma
característica peculiar do ouro de Serra Pelada é a quantidade de paládio – um elemento do grupo da Platina - que ocorre junto com o ouro e
que determinava as variedades comercializadas no garimpo, e que eram
respectivamente:
- O ouro amarelo, com 1 a 2% de Paládio;
- O ouro fino, com 6 a 7% de Paládio;
- E o ouro bombril, com teores superiores a 9% de Paládio.
Aspectos socioeconômicos
Em seu
período áureo o garimpo de Serra Pelada era dotado de privilegiadas condições
socioeconômicas. Este privilégio decorreu da necessidade do governo de ordenar
e até criar condições de vida para a multidão de pessoas que diariamente
chegavam ao local em busca do seu Eldorado.
Já em
1980 o garimpo possuía instalações da Companhia Brasileira de Alimentação (COBAL), que instalou um armazém
inflável na Serra, da Caixa Econômica Federal (CEF), da Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos, Polícia Federal, da Polícia Militar, do Departamento Nacional de Produção
Mineral, e da
DOCEGEO - Rio Doce Geologia e Mineração, uma subsidiária da Vale S.A.. Esta última empresa era,
juntamente com a CEF, a responsável pela compra, purificação e repassagem do
ouro para o Banco
Central, sendo
retido 8% como parte de um seguro obrigatorio.
Face às
características de Serra Pelada - uma ocorrência de ouro na superfície da
terra, que de morro transformou-se em um enorme buraco - os desmoronamentos das
frentes de lavra eram freqüentes, trazendo consigo a morte de garimpeiros.
Uma
verdadeira cidade surgiu nas imediações de Serra Pelada, que recebeu o nome de
Curionópolis, além de uma pequena vila - a Vila dos Garimpeiros, que na verdade é um distrito do
município de Curionópolis - que hoje é habitada por pouco mais de 6 mil
habitantes.